JOÃO E MARIA

Esta não é uma estória daquelas que a gente ouve contar nos tempos de criança. Esse João e essa Maria têm uma história, sim. Uma história de verdade, que vale a pena contar...

João era oleiro, fazia tijolos. Tijolos de barro que construía casas, construía igrejas, também. Foram com os tijolos que João fazia que foi construída a Igreja Presbiteriana de Catanduva.

João casou com Maria, na terra onde nasceram, em Itajubá, Minas Gerais. Não sei quantos filhos já eram nascidos, quando mudaram-se para Catanduva, no interior de São Paulo. No início, moravam numa chácara, na periferia, onde João fazia seus tijolos. Essa história eu sei de ouvir minha mãe, Yolanda, contar. Depois mudaram para a cidade, para uma casa que eu conheci, a minha referência de "casa de avós".

Mas tenho boas lembranças dos meus avós, apesar da pouca convivência, limitada aos dias de férias, quando viajávamos para lá. Lembro do meu avô João, sentado na cadeira de ripas de madeira e encosto alto, no alpendre de muretas baixas na casa de esquina em Catanduva. Era na rua do cemitério, cujo nome não sei.
Meu avô ficava lá, quieto, calado, vendo as pessoas passarem, cumprimentando quem falava com ele. Ficava ali, quieto, parado, mas eu percebia, e tenho certeza, que ele gostava da presença dos netos ao seu redor. Quando eu menos esperava, ele falava alguma brincadeira, para demonstrar seu carinho por nós.

A vó Maria, quando não estava na cozinha fazendo coisas maravilhosas (até hoje lembro da rosca) também ficava no alpendre, sentada na outra cadeira, a que ficava perto da grande porta bem alta e azul, de madeira antiga. Mas ela não perdia tempo. Estava sempre fazendo o seu exímio croche. Suas mãos ágeis pareciam dançar, trançando a linha bem fina. Os dedos eram como pernas de uma bailarina dançando e puxando os fios, entrelaçando nós e tecendo, além das lindas toalhinhas, blusas e colchas, as vidas das pessoas, a vida de seus filhos e netos. Formavam ali, aquele casal, que enlaçaram suas vidas, uma família, uma geração!

Já faz tempo que eles se foram... Agora quase todos os filhos também estão com eles zelando por nós, lá do céu. Com a tecnologia, começamos, nós, os seus netos e bisnetos, a nos reunir. Tem gente em Catanduva, São José do Rio Preto, São Paulo, Curitiba, Campo Grande, Brasília, Rio de Janeiro, Tocantins e até nos Estados Unidos, e acho que em Londrina também...

Mas de longe também se ama, e agora podemos nos reunir, mesmo que virtualmente, para resgatar nossos laços familiares, resgatar nossa tradição. Juntar um pouco da história que cada um conhece para contar para nossos filhos, netos e bisnetos...

A verdadeira história de João e Maria!

Uma homenagem aos meus avós, João Ramos da Silva e Maria Ignácia Grilo, que viveram a maior parte de suas vidas em Catanduva, no interior de São Paulo. Recentemente, vários primos estão se encontrando através do Facebook. Publico essa crônica para celebrar esse encontro virtual familiar.


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