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Mostrando postagens de agosto, 2011

E AÍ ELES SE FORAM...

Não foi repentinamente.... Mesmo quando esperadas, as partidas são sentidas! É uma dor que dói! Às vezes  um pouco, outras muitíssimo! Mas é como a dor de uma cirurgia, que sabemos ser necessária. É uma dor conformada! Parece que a dor da perda dói mais quando não se espera. É quando alguém fura a fila de entrada para o céu e se antecipa na ordem cronológica de partidas. Aquele ainda não era o trem em que ele ou ela deveria partir. Mas as partidas esperadas deveriam deixar um quê de saudade, com misto de conformidade, para guardarmos com os presentes recebidos pela vida inteira. A partida de pais idosos, quando já era chegada a sua hora e vez, é uma dor compartilhada por todos aqueles que também acompanharam o ciclo natural da vida de seus pais. É uma dor invejada por aqueles cujos pais furaram a fila e se foram antes do que se esperava. A dor da partida precoce deixa um vazio daquilo que poderia ter sido vivido. Um espaço onde poderiam terem sido guardadas as lembranças de momento

JOÃO E MARIA

Esta não é uma estória daquelas que a gente ouve contar nos tempos de criança. Esse João e essa Maria têm uma história, sim. Uma história de verdade, que vale a pena contar... João era oleiro, fazia tijolos. Tijolos de barro que construía casas, construía igrejas, também. Foram com os tijolos que João fazia que foi construída a Igreja Presbiteriana de Catanduva. João casou com Maria, na terra onde nasceram, em Itajubá, Minas Gerais. Não sei quantos filhos já eram nascidos, quando mudaram-se para Catanduva, no interior de São Paulo. No início, moravam numa chácara, na periferia, onde João fazia seus tijolos. Essa história eu sei de ouvir minha mãe, Yolanda, contar. Depois mudaram para a cidade, para uma casa que eu conheci, a minha referência de "casa de avós". Mas tenho boas lembranças dos meus avós, apesar da pouca convivência, limitada aos dias de férias, quando viajávamos para lá. Lembro do meu avô João, sentado na cadeira de ripas de madeira e encosto alto, no alpendre

DURALEQUES SE DE LEQUES

DURALEQUES SE DE LEQUES A frase foi escrita, assim mesmo, nas colunas de concreto da Câmara dos Deputados, à época de sua construção, em 1959. Assim diz a notícia! Foi escrita por um dos operários, um "candango"! Lembrei do meu tempo de criança. A frase em latim, "dura lex, sed lex", significa: a lei é dura, mas é lei! Mas nós, levados pela propaganda da época, brincávamos com a rima: "dura lex, sed lex, no cabelo só Gumex". Nada mais oportuno nestes tempos, este achado! A frase estava lá, escondida, mas na base de sustentação do Congresso Nacional. As palavras estavam esquecidas, mas na semana passada foram encontradas! Parece um tesouro escondido que é encontrado no momento em que mais se necessita dele. Nestes tempos em que práticas escusas, que parecem até já se tornarem habituais, vêm a tona, nada mais oportuno este achado! É preciso sempre lembrar: a lei é dura, cuidado com ela! Mais cedo ou mais tarde o que está escondido será achado. A ve

IRONICAMENTE FALANDO...

Ironicamente falando... Essa frase foi dita pelo meu pai, nos seus últimos dias de vida, internado numa UTI. Foi dita diante da afirmação dos profissionais que o acompanhavam, de que ele estava "bem".Ele, que parecia meio sonolento, abriu os olhos e disse, claramente: "ironicamente falando"... Ao mesmo tempo que criticava a fala ironica da equipe médica, o fazia de maneira ironica. Esse é um dos problemas que nossos idosos têm enfrentado no final de vida. A medicina consegue, sim, prolongar a vida, com toda a tecnologia existente hoje, mas não consegue, na maioria das vezes, proporcionar qualidade. E assim é que, com tristeza, acompanhamos os últimos dias de nossos queridos idosos em UTIs, entubados, cheios de agulhas espetadas em seus corpos, muitas vezes com traqueostomia, sem ao menos poder falar, sem poder dizer as últimas palavras que desejaria para os seus entes queridos. A família fica, sem saber o que está acontecendo. O que significa "estar bem&quo

ADELINO CASSIS, O FILHO DE ZAHIA

Todas as manhãs de domingo, Zahia, imigrante libanesa, acordava cedo, enrolava os charutos para o almoço, deixava a panela cozinhando no fogão a lenha e saía escondida do marido para ir à igreja com seus dois filhos mais novos: Adelino e Julieta. Foi com sua mãe, Zahia, que Adelino Cassis aprendeu, desde pequeno, que é lícito quebrar algumas regras por uma causa maior, por uma causa de Deus! Foi assim que, na liderança sindical, colocava Araldite nas fechaduras das agencias bancárias, para impedir que as portas se abrissem em dia de greve. Foi assim que questionou a própria Igreja, pelo seu silêncio diante de injustiças sociais. Foi assim a vida toda. Não se intimidava com limites impostos pelos homens, na certeza íntima de seus propósitos nobres. Foi um amor muito maior do que o amor por pessoas, mas um Amor pelo coletivo, pela humanidade, que levou Adelino Cassis a priorizar em sua vida a luta social, a luta pelos direitos igualitários. Sempre foi um homem honrado e batalhad