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Mostrando postagens de janeiro, 2010

O VAZIO QUE FICOU...

O vazio que ficou lhe fez companhia! Depois de uma separação ou morte de uma pessoa querida, a sensação que me relatam é de um vazio. Fica um vazio na vida daquela pessoa. As atividades que faziam juntos tornam-se um pesadelo, pela ausência do outro. Tudo lembra aquela presença. Tudo o faz reportar àqueles momentos de outrora felicidade. Mesmo que seja uma felicidade do tipo: "eu era feliz e não sabia", quem fica só, ressente-se da ausência do outro. Mesmo que não tenha sido um relacionamento dos que se pode dizer que são felizes, a ausência do outro deixa um vazio. A falta da companhia é sentida. Não só dos momentos bons, daqueles momentos em que, só de olhar um para o outro, ou só de ficar perto, mesmo em silêncio, se tem a certeza de que se é amado. Se tem a plena certeza de que, mesmo sabendo que essa vida é finita e os relacionamentos não são eternos, sempre terão um ao outro. Dos momentos ruins, também a falta é sentida. Fica o vazio de não ter com quem brigar, de

FINALMENTE, SÓ!

Depois de tantos anos de convivência... Dormindo juntos na mesma cama, fazendo juntos as refeições. Assistindo juntos os mesmos filmes, conversando juntos sobre os mesmos assuntos. Escolhendo juntos os mesmos programas, encontrando juntos os mesmos amigos. Gostando juntos do mesmo sexo! Um dia, o que era junto se separou. Quem dormia junto, já não dorme mais. Os almoços e jantares passaram a ser separados. Os amigos em comum já não encontravam mais. O cinema agora era separado. Cada um na sua casa. Cada um no seu espaço. Cada um na sua... No início, das sobras do amor, sobrou a lembrança. Ficou o vazio e a saudade. Ficou a vontade de rever, mas também o medo de voltar a ser o que já não era mais. Sobrou a sobra da pipoca do filme que não assistiu. Sobrou a falta do amigo em comum. Sobrou a saudade do que já deixara de existir antes de acabar o restinho do que ainda havia. Quase um ano depois, pela primeira vez, começa a sentir-se só... Até então, o vazio que ficara lhe fize

LIMÃO OU LIMONADA?

Ligar a TV hoje em dia é ouvir notícias sobre os desabamentos e outras consequências de desastres naturais . Vemos as imagens de pessoas se afogando, de casas sendo levadas, de pessoas que morrem, de consequências de terremotos. A televisão abre as portas de nossa casa, trazendo notícias de outros que sofrem, trazendo sua angústia, seu desespero. Fico sensibilizada, especialmente ao ouvir pessoas humildes com falas conformadas. Alguns se desesperam, mas há aqueles que dizem: “fazer o que? Estamos com vida, vamos construir tudo outra vez!” Há momentos na vida em que nos sentimos desesperançosos! Pode ser uma doença grave, a morte de uma pessoa querida ou uma grande perda financeira. Às vezes, a descoberta de uma traição no casamento. Ou, o que dói muito, a dor de um filho. Descobrir que um filho está fazendo uso de drogas, ou até mesmo ser chamado pela escola do filho porque ele vai mal nos estudos, é tristeza certa. Outras vezes, o rompimento de uma relação amorosa ou a perda d

UM ANJO ENTRE NÓS

No caminho para o cemitério eu refletia sobre a dor que estavam passando os pais. O rapaz de 15 anos, havia partido. Quando o garoto adoeceu, formou-se uma rede de amigos solidários que se uniram para interceder em favor de sua saúde. Eu chamei aquele movimento, à época, de "Reza do Amor" , título de uma crônica publicada neste blog. Eram amigos, de todos os credos, que unificaram sua voz em orações. Foi um ano e meio de luta contra o câncer. Mas ontem o Lucas se foi. Fora batizado com o nome do médico evangelista. Filho do Adão, que tem o nome do primeiro homem do Gênesis, o "homem criado da terra" , e  da Isabel Cristina, "escolhida por Deus, que veio para cumprir promessa". Fui lá para reunir-me à solidariedade. Para "chorar com os que choram". Fui lá comovida pela dor. Refletia, mais uma vez, sobre o sentido da morte de um adolescente. O sacerdote católico, que acompanhara e dera assistência ao rapaz e à família durante a fase mais d

PEGANDO CARONA

Muitas vezes pegamos carona na vida do outro. Há aqueles que são caronas divertidas. Sabe? Aquele amigo que faz companhia na viagem. Que é divertido, que vai conversando conversas tão interessantes que nem percebemos o o tempo passar. Quando chegamos ao destino, dá vontade de continuar juntos, de continuar conversando, ou até mesmo ficando em silêncio juntos. Sem palavras, continuar conversando com a alma. É assim às vezes... Mas há aqueles que pegam carona na vida da gente, que nos fazem respirar aliviados quando nos despedimos. No caminho, essas caronas indesejadas vão falando só de coisas pesadas e ruins. Falam das notícias desagradáveis do mundo. Falam das suas desgraças pessoais. Falam de suas desesperanças. Falam dos outros... Não permitem o espaço para a troca, para o ouvir também. Sem que percebamos, vamos nos contaminando com aquele clima de pessimismo. Quando, finalmente, nos livramos daquela companhia, nos sentimos pesados, tensos. Percebemos que a convivência f

Reminiscência... ReminESSÊNCIA

E foi assim que o passado passou. Foi passando devagarinho... com cuidado para acordar o silêncio do coração. O coração, que há muito havia adormecido, acordou quando o passado passou. Mas ainda era noite... e logo voltou a dormir! ................................................................................... Não há nada que se possa fazer, quando o coração teima em não querer. É como criança teimosa que não quer comer. É como porta fechada, não adianta bater. É como nau, sem rumo, atracada. ................................................................................... Tem gente que mora em barco. Esse costume já está chegando por aqui. Rios e lagos não são de ninguém. Não precisa comprar terreno. Não precisa alugar espaço. Basta ter um barco para nele morar. Outro dia fiquei sabendo de alguém que quer morar num barco no lago Paranoá. Fiquei pensando como seria morar lá. Será que balança muito? Isso é bom para dormir, mas não para acordar. É bom para

AS MINHAS COISAS ANTIGAS

Justo hoje: dia do meu aniversário! Depois do almoço passei numa livraria. Dei de cara, não sei como, pois estava bem escondida, com uma pequena coletânea de crônicas de Rubem Braga. Gosto de ler os cronistas antigos. Trazem o cotidiano do tempo em que viveram. Muito melhor do que estudar a insonsa história que se aprende nas escolas, ler crônicas antigas nos faz viajar no tempo e no espaço. É como se entrássemos numa capsula para viajar no tempo. Sem escolher bem a época nem a cidade que iremos visitar, caímos ali: no meio do cotidiano do autor. Foi assim que, na primeira crônica, me deparei com os costumes do Rubem (permito-me a intimidade, já que ouso me considerar sua colega cronista). No Rio, 1959. Naquela época eu também estava por lá. Só que ainda era menina. Viajo em suas palavras, imaginando a cena que me conta. Ele fala sobre coisas antigas... começa com um guarda-chuva. É verdade, colega Rubem! Concordo com você! O guarda-chuva, talvez pela sua vocação para enfrenta