FESTA SÓ DE OLHAR

Acabo de receber um e-mail de uma amiga compartilhando a cura de seu filho. Lembra daquela crônica que eu publiquei, "A REZA DO AMOR"? Então, aquela mesma. Todos os amigos, independente do credo, reuniram-se para rezar/orar/meditar...cada um do seu jeito... do jeito que acreditava ser o melhor para si. Todos se uniram e se reuniram com um único propósito: interceder pela cura do filho daqueles amigos. Todos sofreram com o casal. Todos torceram pelo menino. Todos acompanharam as notícias. Foram longos meses de quimioterapia e uma cirurgia complicada. A cada intervenção, uma expectativa, uma esperança, uma alegria de cada vez, pelas pequenas e decisivas vitórias que foram sendo alcançadas. Agora a mãe agradece. Aliviada, feliz, esperançosa de que a sombra da doença fique longe de seu lar.

Na semana passada, foi outro casal de amigos. A sua primeira netinha nasceu com problemas respiratórios...foi direto para a UTI. Também foi aquela mobilização. O que era para ser uma reunião de oração foi um culto de igreja cheia em plena sexta-feira! Todos se mobilizaram! Todos intercederam. Todos aguardaram. A pequena criaturinha, já fiquei sabendo, está se recuperando e até se alimentando.

Fico pensando nessas horas, como é bom poder contar com amigos, com gente ao redor. Com gente que gosta de nós. Contar com amigos que se preocupam, que choram conosco e se alegram também.

Mas, já perceberam que a união acontece mais nos momentos de angústia do que nas horas de alegria?

Antigamente, não sei se era porque as coisas eram mais fáceis ou porque o grupo de amigos era mais restrito, havia o costume de se comemorar aniversários... o motivo do encontro era a alegria! As coisas foram ficando mais difíceis.. antes, para dar uma festa, bastavam alguns salgadinhos que tínhamos tempo para fazer, uns brigadeiros enrolados ao pé da conversa na cozinha, um bolo de chocolate! Pronto! Estava pronta a festa! Todos se reuniam com alegria e refrigerantes.

Casamento também era muito mais simples do que os de hoje, em que os noivos precisam começar a planejar com cerca de um ano de antecedência, pelo menos aqui em Brasília, para garantir igreja, salão de festa, fotógrafos e tudo o mais que a atual "indústria de casamento" inventou...Estica aqui e acolá o orçamento. Diminui aqui e acolá a lista de convidados... não dá para compartilhar esse momento tão importante com todas as pessoas que gostaríamos que estivessem presentes.

Outro dia, lendo a Clarice, a Lispector... gostei de uma de suas crônicas em que ela propõe uma festa: "Uma festa sem bebida, sem comida, festa só de olhar"...

Gostei da idéia! Quem sabe assim a gente consegue se encontrar nos momentos de alegria, sem precisar gastar!!!

Comentários

  1. Tenho o habito da gratidão. Gratidão de viver momento alegres e momentos triste. Aprendi, com a maturidade, que nos momentos triste e tensos, a benção de Deus está escondida, disfarçada, mas está lá.É a oportunidade de estarmos mais aterrados e alerta para a importância da vida.
    Concordo com você quanto aos valores e super-produções nas festividades de hoje. Muitas vezes a emoção fica de lado e a harmonia nem convidada foi.
    Não se tem mais a vontade de compartilhar o aconchego da família, do lar, da nossa casa - incluo aqui a moradia como um todo, o corpo, a casa, a família, a religiosidade.
    Desejo que todas as preces e orações, independentes da religião, possam dar a tranquilidade e quietude para a família de seus amigos.
    Que assim seja!
    bjão,
    Soraya Pereira

    ResponderExcluir
  2. Pois é, Dulcinéia. Até a arquitetura vem mudando. Os apartamentos vão ficando cada vez mais diminutos e as reuniões são feitas nos salões de festa, nas churrasqueiras da cobertura, nos tais "espaços-gourmet" dos prédios mais modernos. Aí a gente nem sabe mais se Fulana tem retrato dos filhos na mesinha ao lado do sofá (aliás não sabe nem se tem sofá), não pode xeretar os livros de outro amigo,... perde um tanto de intimidade - não acha?
    Beijos
    Vera Amaral

    ResponderExcluir
  3. Obrigada, Soraya e Vera, pelos seus comentários!
    É bom saber que não estamos solitárias em nossos pensamentos!
    Soraya levantou um aspecto importante. Muitas vezes, a preocupação com os detalhes, a forma de se encontrar, deixa de lado o principal objetivo de se encontrar. E as festas, que deveriam ser motivo de harmonia, muitas vezes ocasionam muita confusão...
    Bem lembrado pela Vera outro costume que estamos deixando de lado: visitar a casa dos amigos. Gostei do exemplo do "retrato dos filhos da mesinha ao lado do sofá"...
    Obrigada!
    bjs
    Dulcinéa

    ResponderExcluir
  4. Como parte do grupo da reza do amor, fiquei emocionada com a notícia do filho. É como uma festa do coração feliz, como a festa proposta na crônica.
    Beijos

    ResponderExcluir
  5. Olá Dulci. Foi ótimo vê-la após alguns anos. Parabéns pelo "blog". Pois é, as coisas e as pessoas são mesmo assim: não param de mudar! Aniversários, casamentos, costumes, meios de comunicação, etc. Aproveitemos de tudo o que há de melhor!

    Grande abraço,

    Alicio

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

"O Casamento está morto. Viva o casamento! - Resenha

A LIÇAO DO BEM-TE-VI sobre a culpa e a falsa culpa