FELICIDADE "AO QUADRADO"

Ao receber a notícia, ela chorou!

Não era um choro de tristeza! Não era um choro de alegria!

O filho anunciara que ia se casar.

Para ela, mais do que novidade, era um desejo. Já esperara muito por aquela notícia, mas naquele dia a notícia a surpreendeu.

Era um misto de surpresa pois, de tanto esperar, já havia desistido de esperar. Às vezes, quando a espera parece longa, é melhor parar de esperar. É melhor desistir daquilo que se espera. É melhor deixar o destino decidir.

O seu filho iria se casar! O filho adulto já saíra de casa há muitos anos... não era a separação o motivo do choro. Muitas mães, e não são poucas, ressentem-se ao se casarem os filhos homens. Esquecem-se que o cordão já se rompeu no parto e que há muito o leite secou. Daí, talvez, a folclórica implicância de sogras e noras, pela disputa do filho/homem. O filho, quando já é homem, precisa deixar o seio materno para se entregar ao seio da mulher amada. Não o seio do alimento, mas também o seio do prazer.

O choro daquela mãe, cujo filho anunciara que iria se casar, era um choro diferente de alegria ou tristeza: era um choro de felicidade!

Felicidade de saber que tudo ia bem! De ver o fruto amadurecer! O fruto da árvore que plantou!

É um sentimento de saber que as coisas acontecem como e quando têm que acontecer. De saber que tudo tem o seu tempo e a sua hora.

É um sentimento de completude e realização.

É a felicidade de saber que o outro está feliz!

Tem gente que não consegue ficar feliz porque o outro está feliz, mesmo que esse outro seja seu filho ou filha.

Existem mães e pais que sentem ciúmes da felicidade dos filhos. Por não conseguirem se realizar como pessoas, com seus próprios objetivos, às vezes projetam seus desejos nos filhos. Querem que seus filhos sejam felizes por eles.

Às vezes, e isso é pior, boicotam a felicidade dos filhos. Querem para si mais atenção do que lhes seria necessária. Querem exigir que seus filhos devolvam o amor recebido, como se amor fosse moeda de troca. "Eu amei você, eu cuidei de você, agora você TEM que cuidar de mim". Não deixam para os filhos o espaço necessário para viverem suas próprias vidas. E aí começa o ritual de obrigações familiares: tem o dia certo de almoçar na casa dos pais dele, outro dia, na casa dos pais dela... se os pais de ambos são separados, então, como fica? E Natal? Pode parecer simples, mas não é não... Na clínica psicológica, adivinha qual é o tema mais recorrente na semana de Natal? O que seria para ser festa e alegria passa a ser obrigação, disputa, desunião.

Amor de filhos adultos para com os pais é um amor diferente: é um amor de gratidão, de troca, de companheirismo! Tem que ser livre e solto, tem que dar espaço para a opção. Se vira obrigação, deixa de ter valor, deixa de ter alegria... perde a graça!

Mas há um sentimento difícil de explicar: é o de sentir-se feliz e realizado por si mesmo. Pela sua própria vida, independentemente da realização através dos filhos.

E aí, quando a pessoa se sente assim, feliz por si mesma, ao ver a felicidade dos filhos tem sua felicidade potencializada!

E isso não dá para descrever... só consegue entender e sentir quem consegue dessa forma viver!

Comentários

  1. Querida Dulcinea.
    Agora temos pelo menos um encontro marcado.
    Estou muito feliz pelo passo que será dado. Tenho total confiança no "menino" que cuida com tanto zelo e carinho da "minha menina" e,tenha certeza, ela também lhe dá o que tem de melhor. É lindo ver o olhar apaixonado de um para o outro.
    Acho que podemos nos parabenizar.
    Parabéns Dulcenea
    Beijos
    Sarita

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  2. Oi, Sarita,
    fiquei muito feliz e emocionada com o seu comentário!
    Agora não teremos mais o "meu menino" nem a "sua menina"... mas os "nossos"....
    Desde que eles se conheceram que eu fiquei mais tranquila, apesar da distância geográfica, sabendo que ele está bem, e que está bem acolhido no seio de sua linda família!
    Obrigada! e Parabéns!
    Dulcinéa

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