Amor de avós "estraga" a criança?

Um dos comentários que sempre se ouve nas famílias é sobre os mimos que fazem os avós ao seus netos.

Tem coisa melhor do que casa de avós? Tem coisa melhor do que a expectativa de ir à casa dos avós ou sair com eles?

Só quem não conviveu com seus avós é que não sabe como isso é bom. Como essa convivência faz bem para a criança, quando ainda é criança, e para a criança que nós temos dentro de nós.

Eu, como muitos dos que vieram para Brasília quando crianças, deixei para trás minha cidade natal, onde moravam os meus avós. A oportunidade que eu tive de conviver com eles era quando, nas férias, nós os visitávamos.

Eu me lembro bem da casa de esquina numa rua da qual não sei o nome, em minha cidade natal, Catanduva, no interior de São Paulo. Meu avô ficava sentado no alpendre, um tipo de varanda daquela região, que não sei se ainda se constroem. Da calçada, subíamos alguns degraus e adentrávamos ao alpendre, antes da porta principal da casa. Era lá o local onde as pessoas chegavam e sentavam para conversar. Sentado no alpendre, meu avô ficava lá, cumprimentando toda gente que passava na calçada. Era de lá que eu ouvia o assobio do vendedor de picolé, avisando que estava passando por ali, chamando todas as crianças para aquela hora mágica, no meio do calor da tarde. Da minha avó, lembro da rosca doce que ela fazia e do momento em que ela soltava seus longos cabelos, que nunca viram tesoura. Lembro da cozinha, do quintal e até do cheiro característico da copa. Tudo isso guardo nas lembranças que alimentam a minha alma. Era um tempo de felicidade encontrar os primos nas férias, quando eu ia para a casa dos meus avós.

Mas hoje alguém inventou, baseado não sei em que, que avós fazem mal aos netos, pois dão muito carinho...

Será que existe excesso de carinho? Será que existe carinho demais?

Não sou especialista em psicologia infantil, mas, pelo que sei, carinho nunca é demais. Nem para criança nem para adulto. O que "estraga" a criança não é excesso de carinho... o que prejudica é falta de amor.

O que não pode faltar também, esse sim, é o limite necessário... mas esse não é papel dos avós!

Comentários

  1. Dulcinéa, quando Serginho nasceu, minha sogra estava mimando, fazendo não lembro bem o que, quando olhou para mim meio assustada, achando que eu ia achar ruim. De jeito nenhum. Falei pra ela minha opinião: nós, mães e pais, precisamos educar, estabelecer limites, dar broncas, alguns "castigos", precisamos ensinar as crianças a viverem de acordo com nossos princípios. A carga que colocamos sobre as crianças é pesada. Deus fez avôs e avós (e tias, atrevo-me a dizer) para que as crianças tenham alívio. Elas precisam do refúgio que os mimos fornecem. Não sou especialista em nenhum tipo de psicologia, infelizmente, mas de amor entendo bastante e acho que a presença das cabeças brancas a fazer as vontades é essencial para a sobrevivência sadia das crianças.

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  2. Ainda concordo com a ação formadora, tanto de pais como avós.
    O mimo é aquela delicadeza que dão às crianças, sem que elas façam força para isso.
    O mimo antecipa-se a uma possível transgressão.
    Fazer um mimo é agradar por agradar. Alguns avós fazem isso com as crianças, porque é mais fácil de subjugar.
    Em princípio esse tema é bem polêmico e eu me coloco na postura contra o uso indiscriminado do mimo.
    E, amor depende da qualidade e não tanto da quantidade. Amor demais é quase impossível, mas amor errado está presente as mancheias por aí.

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  3. Na minha opinião o relacionamento mais bonito que existe na vida é o de avô com neto(a) ou avó com neto(a), é a coisa mais linda de se acompanhar. Existe uma cumplicidade, uma compreensão e um brilho no olhar das duas gerações que faz as nossas vidas mais ricas e belas. Quando meus sobrinhos chegaram até mudei o nome de meus pais para Vovó Mimosa e Vovô Gucho porque percebi que esses nomes eram mágicos. Assim que eram falados, imediatamente eles correspondiam...

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  4. Ah! Os netos, como são gostosos. Também quando cheguei em Brasília, em 61, sentia muita falta da casa dos avós, sempre cheia de tios, primos e vizinhos. Em Brasília isso acabou. Concordo que podemos mimar os netos á vontade. Uma vez ouvi uma frase de um avô que dizia assim: "Eu não educo, mas também não deseduco". Pensei muito tempo sobre isso, achei interesssante.
    Bem, os netos....Parece que tem uma geração de pais perdida entre o rigor de antigamente e a soltura total. Acho que eles ficaram perdidos neste ponto. Ou querem compensar a ausência, ou sentem culpa por trabalharem muito e os filhos ficaram em creches ou com babás, ou sei lá o que.
    O fato é que, para mim, aquele aspecto de vó que eu conheci, que dava tudo, que deixava comer guloseimas fora de hora, que escondia travessuras, não dá para manter. Sinto que tenho que colocar muitos limites em meus netos, pois parece que a coisa está invertida. Na casa dos pais eles podem tudo, comer besteiras fora de hora, fazer muita bagunça, etc.
    Há momentos que não me sinto bem com esse papel,às vezes, invertido.
    Claro que tem também os momentos de pura vovovice, o que é muito gostoso. Também acho que amor de menos é que faz mal, porém é preciso impor limites com amor e carinho
    Beijos, Tania

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