RECICLAR É POSSÍVEL!

Tem gente que gosta de guardar coisas antigas... sempre tem um armário, uma caixa, um baú para guardar aquelas coisas que lembram o passado. Que lembram de um tempo que já não é mais...

Guarda o sapatinho do filho marmanjo, a chupetinha da filha que é quase avó. Guarda bilhetinhos do primeiro amor, guarda pétalas secas da primeira flor. Tem gente que guarda coisas boas, que lembram os bons momentos.

Mas tem gente que gosta de guardar lixo. Coisas que lembram momentos ruins. Esses não se guardam em caixas, nem em baús. Esses se guardam no coração. Mesmo dizendo e repetindo (talvez para se convencer a si mesmo) que não guarda mágoa de ninguém... mas aí, vira e mexe, vem à tona alguma coisa para espinhar aquele que não lhe fez bem.

Aí fica guardando tanta coisa... tanto lixo, tanta fruta podre, que acaba contaminando as coisas boas que se guardou também. Que nem laranja podre, que quando está com as outras frutas acaba fazendo todas elas apodrecerem.

Tem gente que quer ir para a frente, viver novos momentos... mas carrega uma mala tão cheia que não consegue sair do lugar. E vai levando a mala cheia de coisas, achando que vai precisar delas algum dia, mas são coisas que ocupam tanto espaço que não sobra espaço para nada mais entrar em sua vida. São coisas tão pesadas que fica difícil de serem carregadas.

E aí fica em casa, não sai, não vai a nenhum lugar. Ou então fica sempre pedindo para os outros carregarem as coisas do seu passado. É só encontrar alguém disposto a papear, que logo começa a desfiar a sua dor, os seus desencantamentos, as suas doenças. Fala mal do ex-marido, fala mal dos irmãos, fala mal do vizinho, do filho, do pai e da mãe. Fala mal de todas as pessoas que, apesar de não parecer, o querem ou já lhe quiseram bem.

Tem gente que gosta tanto de guardar lixo que o cheiro de podre não deixa aparecer o perfume que insiste em usar.

Mas para isso tem uma solução. Virou moda reciclar. Reciclar lixo é a solução.

Primeiro separe o que pode ser aproveitado: as lembranças boas que você tem, mesmo dos relacionamentos que não foram tão bons assim. Lembre-se das qualidades das pessoas que lhe fizeram mal (que às vezes nem sabem que isso aconteceu). Valorize os momentos que serviram para algum aprendizado.

O lixo orgânico, ou seja, aquele que em princípio não teria proveito, esse pode ser transformado. Você coloca numa caixa com “capim seco” e deixa aberta. Não pode fechar. Se fechar gera mau cheiro. Deixa ali, tomando ar e sol – jogue luz, tente entender a situação, colocando-se no lugar do outro, entendendo seus motivos, seu ponto de vista, suas dificuldades. De vez em quando remexe e mistura – elabora alguma dor. Aos poucos, as mágoas antigas vão secando e se transformando. Quando você menos esperar, tudo aquilo se transformará em adubo e servirá para alimentar novas experiências, novos relacionamentos. O que você deixar morrer dentro de si vai servir para alimentar o que virá adiante. São os aprendizados que temos a partir das experiências dolorosas. Ao final, todo aquele lixo pode ser reaproveitado. O que for reciclável é reciclado, e o que não for pode ser transformado. Tudo isso vai servir para que você possa transformar sua vida, seus relacionamentos, seu modo de ser.

Tudo isso é possível!

Mas depende de você querer!

Comentários

  1. Gostei da Reciclagem. Um tema atual e bastante necessário nos nossos dias. Quando chegamos na meia idade precisamos abrir espaços para novas experiências. O texto é didático e profundo. Parabéns. Ana Cecília

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  2. Dulcinea, a Márcia Franco me recomendou acessar o seu blog há alguns dias. Adorei a sua abordadem ao tema reciclagem. Parabéns pela lucidez e pela felicidade na escolha do tema. Preciso pensar mais a este respeito. Pretendo acessar outras reflexões suas. Paulo.

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  3. Obrigada, Ana Cecília e Paulo,
    pelos comentários acima.
    O Blog se faz na troca permanente de nossas percepções..
    Meu abraço,
    Dulcinéa

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