Ritos e Mitos – Dando espaço para o NOVO

Aproxima-se o final de mais um ano. É a passagem de um novo tempo. É a época em que as pessoas ao redor do mundo se preparam com seus ritos e seus mitos.

Ritos de usar determinados tipos de roupa e participar de festas e cultos. Todos buscam, de alguma forma, exteriorizar o mito de que o ano novo trará realizações a partir do que estiverem fazendo ou do lugar onde estiverem, ou da roupa que vestirem.

Desde o tempo em que eu trabalhava em um Banco, tenho um ritual de final de ano. Na época, contaminados pelo clima de “Balanço Geral” da contabilidade, limpávamos as gavetas, resolvendo pendências, jogando fora os papéis de que não precisávamos, e encerrávamos o ano com uma copiosa e tradicional chuva de papéis picados, atirados através das janelas dos altos andares dos edifícios no Setor Bancário.

Até hoje gosto desse ritual: limpar as gavetas, jogar fora papéis, doar roupas, calçados e objetos que não uso mais. Com isso, com a casa mais “clean”, abro espaço para coisas novas.

Esse é um rito. Mas é um rito de coisas externas, que não são essenciais.

Mais importante do que limpar as gavetas de casa é limpar “nossas gavetas” internas. A passagem de ano é um tempo útil para a reflexão sobre a nossa vida, nossos sentimentos, nossas feridas emocionais e nossos projetos de vida.

Nesta época, criamos a expectativa de que novas oportunidades surgirão em nossas vidas e de que realizaremos as propostas feitas, sempre renovadas, mas nem sempre alcançadas. É comum planejarmos a mudança de alguns aspectos da vida familiar, do trabalho, e dos cuidados com a saúde. No entanto, nem sempre conseguimos. Quando chega o mês de agosto, percebemos que o ano já caminha para o seu final e que não conseguimos cumprir as metas estabelecidas em seu início.

Por que não conseguimos? Por que nossas expectativas são frustradas?

Para colocar coisas novas em nossas gavetas, precisamos, antes, desocupá-las. Se não nos desfizermos das coisas antigas que não nos servem mais, não sobrará espaço para as coisas novas que desejamos adquirir.

Isto também se aplica aos nossos relacionamentos afetivos. Se guardamos mágoas, não abrimos espaço para um novo amor. Podemos guardar as lembranças felizes de quem já não pode, ou não quer mais estar ao nosso lado. Há uma “gaveta” especial para isso. Mas, se colocarmos essas lembranças na “gaveta” principal, viveremos presos ao passado, deixando de usufruir o momento presente, deixando de perceber que há novas oportunidades, que há outras pessoas que poderiam nos fazer companhia na jornada da vida.

É preciso desapegar-se do passado, deixá-lo para trás. As boas lembranças devem ser guardadas, como alimento para a nossa alma, e as lembranças tristes devem ser processadas e transformadas em crescimento para o nosso espírito, na certeza de que poderemos ter novos momentos e novos relacionamentos.

As águas dos rios sempre correm para o mar, e o mesmo trecho de um rio é renovado a cada segundo. Água parada faz adoecer, água corrente purifica e renova.

Deixar para traz o antigo, dar espaço para o NOVO!

Comentários

  1. ,

    Que mensagem bacana. Me fez refletir muito.
    Não tenho participado do Blog mas, depois dessa, para 2008 participarei mais, com certeza.
    Um grande abraço e um 2008 cheio de Luz!
    Márcia

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  2. Esta mensagem foi muito importante para mim. Tenho hábito de fazer balanços, mas não gosto de entrar na balança... Achei que devo me saciar mais na fonte de água pura como bem vc finaliza a mensagem. Que Deus continue a inspirá-la neste novo ano que se inicia. AC

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