MENSAGEM DE NATAL

Alguns amigos, leitores assíduos do Blog, estranharam meu silêncio. O que estaria acontecendo?

Mais do que ninguém, essa era a perguntava que eu me fazia.

No último mês estive e ainda estou mais introspectiva, mais reflexiva, um pouco triste, enlutada. Tudo o que eu escrevia achava muito pesado para publicar. Não queria transmitir tristeza para os leitores. Mas não consigo escrever aquilo que não sinto. A última tentativa foi o texto que publico em parte, a seguir. Em parte, porque é um texto inacabado. O final que eu havia escrito não tinha nada a ver com o início do texto. Fiz duas tentativas. A realidade é que eu não sabia como terminar o texto, já que eu mesma não tinha essa resposta। Eu mesma não conseguia elaborar o que ।Ontem pela manhã, recebi o texto "VOLTE PARA CASA", escrito por Aldo Fagundes, homem sábio e temente a Deus। Coincidência, sincronicidade ou ação de Deus... Podem chamar como quiserem, mas o fato é que o texto trouxe-me a resposta para a angústia que eu retratava no meu texto. A mensagem calou no fundo do meu coração, suavizou o meu caminho. Com sensibilidade, o autor toca em um tema muito delicado, com sabedoria e amor.

Para mim é um privilégio publicar o texto "VOLTE PARA CASA" no final deste ano, 2007. Este foi um ano marcado pela minha "volta para a casa", e seu autor, Aldo Fagundes, meu professor na Escola Dominical da Igreja Metodista, contribuiu para esse retorno.

Publico a seguir os dois textos. Apesar de esta postagem ter ficado extensa, acho importante que leiam integralmente até o final. As respostas às minhas reflexões e à minha angústia (que são comuns às pessoas da minha faixa etária), encontram-se no texto de Aldo Fagundes. A ele, meu agradecimento por esta pérola! Obrigada por me ajudar a "voltar para casa"!

Bom proveito a todos. Esta é a minha mensagem de Natal!

NOSSOS MORTOS, NOSSA VIDA!

Dulcinéa Cassis

Um a um, vamos enterrando os corpos de nossos pais! Com estas palavras, há cerca de um mês, iniciei um texto que não tive coragem de publicar. Foi quando voltava do velório de uma mãe. Uma mãe que já era muito mais que mãe, era avó e bisavó. Era a passagem de uma pessoa de referência, uma matriarca que deixava sua marca nesta vida. O enterro era só do corpo, pois tudo continuava muito vivo, através de seus descendentes e das lições de sabedoria que deixara.

De lá para cá, nesse período de um mês, foram-se mais dois "pais de amigos".

Enterro de pessoas idosas geralmente é assim: um evento no qual (apesar de sempre triste, entre comentários conformados), revemos amigos e refletimos sobre nossa própria vida. Nesses momentos é que percebemos que, aquele que se foi, já não era há muito tempo o "pai" ou a "mãe". Nosso espírito paternal ou maternal, invertendo os papéis, já acolhera aqueles que no fim da vida nos dão a oportunidade de retribuir seu carinho, cuidando deles.

Mesmo que não tenhamos muita afinidade com o morto, sempre nos emocionamos. Choramos pela família enlutada. Choramos lembrando de nossos pais. Choramos porque pensamos em nossa própria possibilidade de morte.

É uma oportunidade para refletir sobre nossa própria vida. Lembramos do tempo em que nossos pais tinham a nossa idade e nós tínhamos a idade de nossos filhos। É uma oportunidade para inverter os papéis, entender seus motivos, perdoá-los pelas falhas que tiveram tentando fazer o melhor por nós. É a fase de vida em que ficamos órfãos de “Patriarcas” e “Matriarcas” e nos tornamos um referencial para a nossa descendência.

Deparo-me nessa hora com a necessidade de buscar e integrar a minha própria sabedoria interna. A cada vez, temos menos pessoas “mais experientes do que nós” a quem podemos recorrer para buscar um padrão de conduta, de costumes, de sabedoria. Só nos resta buscar em nós mesmos, recorrer às nossas figuras internas, ao nosso Deus interior. É a hora de deixar arquétipo doPuer” imaturo, de deixar a ousadia do “Herói”, e nos tornarmos referências para os mais jovens, integrando a “Sophia” e o “Velho Sábio”.

Ao tempo que essa nova fase me estimula pelo seu desafio, atemoriza-me também pela responsabilidade। Cada vez mais pessoas têm me falado o quanto têm se espelhado em mim, o quanto as minhas falas, os meus textos, as minhas ações têm sido, de alguma forma, um referencial para elas। Sinto-me grata aos que me percebem assim, mas, na realidade, sinto-me apenas uma tela que possibilita o reflexo das projeções de cada um. Sei que não sou quem esperam que eu seja. Sei que não é de mim que vem a inspiração...






VOLTE PARA CASA

(Mensagem de Natal)

Aldo Fagundes

Tenho um amigo, homem ilustre, que quando é atingido por algum problema grave, volta para a casa paterna, para ali chorar sua tristeza. A casa onde ele mora é ampla e confortável. A casa paterna é simples, humildemente perdida em uma vila de periferia. Mas é a casa paterna.

Lembro-me que eu e meus irmãos muitas vezes nos socorremos do Velho Euclides e da Dona Mocita, vendo neles os sábios, com palavras sempre prontas e soluções para todos os problemas। Sim, dentro de nós é muito forte a voz que ressoa: volte para casa!

Os psicólogos entendem e ensinam sobre esse sentimento de aconchego e segurança da casa paterna.

Por isso já vi pessoas maduras, talvez 50 ou 60 anos de vida, desesperarem-se com a morte do pai ou da mãe porque, simbolicamente, para eles isto representou a perda da casa paterna. Ficaram órfãos. Não tem mais para onde voltar.

A fé cristã tem na casa a base de muitos dos seus ensinamentos. Por exemplo: construir a casa sobre a rocha ou construí-la sobre a areia, na belíssima metáfora de encerramento do Sermão do Monte.

Mas em se tratando de apelo de volta para a casa, nenhum texto bíblico é mais significativo do que a Parábola do Filho Pródigo. A narrativa aponta o filho, andrajoso e triste, com fome e só. No meio do sofrimento, marcado pela angústia, teve um lampejo de lucidez e disse: "Vou voltar para casa...".

A casa que é segurança.

A casa que é paz.

O Natal é o mais eloqüente convite de Deus a todos os seus filhos e a todas as suas filhas: "Volte para casa...".

Antes, o convite fora feito pelos patriarcas e pelos profetas, mas na plenitude dos tempos Deus nos falou "por um que é o seu próprio Filho".

É assim que compreendo o Natal: O mistério da Encarnação.

Na gruta de Belém está o Deus-Menino, o badalo do sino de Natal desperta consciências, na lembrança do eterno convite. E a estrela que orientou os Magos é até hoje luz, que ilumina o caminho: "Volte para casa".

E o convite é para todos. É universal. Todas as raças. Todos os povos. "Na casa do meu Pai há muitas moradas...", que assim interpreto: há lugar para todos. Aproprie-se da mensagem de Natal. Reconcilie-se com Deus, confie no seu amor e, sem medo, "Volte para casa".

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