QUEM NÃO SE COMUNICA....

E nosso fórum???

Para o analista, não só o que se diz tem um significado. O silêncio às vezes fala mais alto. O silêncio denuncia o assunto que é difícil de falar. E quais foram os temas que caíram no vazio? Que ficaram sem respostas?

"O que vocês acham da colocação da Nélia? É comum acontecer esse afastamento, essa dificuldade de manifestar o afeto por palavras e por carinhos físicos? Por que será que isso acontece? Como fazer para reverter essa situação? É necessário dizer mesmo ‘eu te amo’? Só demonstrar o amor já não basta? Alguém tem alguma experiência nesse sentido para compartilhar?" (postado em 05/11/2007)

"Alguns assuntos passam a ser ‘proibidos’ de se falar. Quando o casal percebe, já existe uma grande distância entre os dois. Fica difícil conversar porque ‘nem tudo pode ser conversado’. O que vocês acham? Concordam com esse meu comentário?" (postado em 01/11/2007)

"O que vocês acham da proposta da Amparo? Concordam com a Tania, que talvez possa ser um sonho? Esse tipo de relação que ainda não consegue ser definida (paradoxalmente, não daria para defini-la, pois, se for definida, deixa de ser a proposta original), já tem sido tentada e praticada? Será que a Amparo ‘escorregou maionese’, como ela pergunta? Ou a proposta já não é tão nova assim? Será que daria certo? Quem já teve ou tem esse tipo de experiência?" (postado em 1º/11/2007)

"Já tivemos comentários sobre finanças, educação de filhos, organização da casa, gerenciamento de serviços, harmonia do casal. E a sexualidade? Para estimular a discussão, fica a sugestão sobre o ‘problema da toalha molhada’: deixar a toalha no banheiro... pode ser bastante estimulante... (ou não!). O que você acha?" (postado em 31/10/2007)


Resumindo, os temas que caíram no silêncio:

- Sexualidade;
- Desinibição;
- Conversa franca e aberta;
- Outras formas de amor;
- Manifestação do afeto, por palavras e carícias físicas.

O Fórum apenas retrata o que acontece na vida real. Não nas "novelas das oito", nas quais se espelha um mundo onde se conversa sobre tudo, sem inibição, e outras formas de amor acontecem com naturalidade. Ou como no seriado que vem antes da "novela das seis", onde os pais e professores são liberais, conversam sobre todos os assuntos com seus filhos. Parece que o Fórum está mais para a "novela das seis", para romances "de época". Época em que havia recato.

Em nosso Fórum, pude constatar o que observo todos os dias no consultório, que existe dificuldade de se falar da sexualidade, mesmo que já não se considere um tabu. Que há bloqueios que impedem a manifestação do afeto, por palavras, o toque físico, o "olho no olho".

A ausência de comunicação tem sido a maior chaga dos relacionamentos. Não falamos o que sentimos, o que queremos, o que achamos que poderia ser diferente. É comum achar que o "outro já sabe", ou que "deveria saber", tanto pelo lado positivo, como pelo lado negativo. "Ele deve saber que o amo, pois faço com carinho"; ou “ela deve saber que a amo, pois trabalho tanto para que nada falte em casa"; ou ainda, "ele/ela devia ter desconfiado que não gostei, pela cara que fiz...".

Dessa forma, cria-se um ciclo, que vai se transformando num emaranhado de fios embaraçados, difícil de saber onde está a ponta. E quando achamos a ponta dos fios embaraçados, se puxarmos sem o devido cuidado, o emaranhado de fios embaraça-se ainda mais. Como sair "dessa"?

A "solução caseira" é a metacomunicação. Significa comunicar sobre a comunicação. Ou seja, distanciar-se da emoção gerada, para falar de forma franca e aberta sobre o que está acontecendo. Sobre a forma como o casal está se relacionando, ou seja, como está se comunicando. Essa proposta foi popularizada com a expressão "discutir a relação". Não gosto muito do termo, pois a palavra "discutir" nos remete a "continuar brigando". Talvez seja por isso que a prática seja evitada.

Há casais, quando a situação ainda não está muito comprometida, que possuem vínculos fortes e saudáveis e conseguem estabelecer esse diálogo. Mas há casos onde é necessária a ajuda profissional, através da terapia familiar ou do casal. A terapia familiar e a terapia de casal são diferentes da terapia pessoal. Nas primeiras trabalha-se diretamente a comunicação entre as pessoas. Na terapia pessoal, que pode ser feita individualmente, ou participando de um grupo de terapia (os problemas geralmente são parecidos), trabalham-se os conteúdos internos de cada um, que podem estar dificultando a prática da comunicação do casal. A terapia em grupo, nesses casos de relacionamento interpessoal, é muito eficaz, pois propicia a oportunidade da prática de comunicação. Pessoas que possuem dificuldade de falar sobre sentimentos e intimidades com seus parceiros, têm, no grupo de terapia, oportunidade de praticar a comunicação transparente e verdadeira, incorporando essa prática em todas as esferas de sua vida.

Mas, infelizmente, ainda existe muita resistência em se procurar ajuda profissional nessa área. Como uma doença sorrateira, se o diagnóstico não for feito a tempo e a ajuda terapêutica não for procurada, a solução pode ser buscar outro tipo de profissional: o advogado!

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