COINCIDÊNCIA OU SINCRONICIDADE?

Dulcinéa Cassis

Na quinta feira passada, uma amiga, leitora do Blog, estava em seu consultório quando deparou-se com um livro de sua colega, que lhe chamou a atenção. Começou a ler e achou interessante. Ao chegar em casa, acessou a internet e lá estava a chamada para a postagem de quinta-feira:A CIRANDA DAS MULHERES SÁBIAS, o livro que ela tinha encontrado e lido no consultório. Coincidência ou sincronicidade?

No início do Blog, no dia 4 de setembro, escrevi pela manhã o artigo "A outra metade da laranja", aguardei um tempo pois, como ainda estava estreando nesse novo papel de escritora de Blog, ainda estava um pouco insegura. Fui para o consultório e o tema surgiu. Coincidência ou sincronicidade? Alguém pode alegar que neste caso houve interferência da subjetividade do terapeuta... mas cheguei em casa, abri meus e-mails e havia recebido de um amigo um pps do John Lenon, dizendo:"fizeram-nos acreditar que cada um de nós é uma metade da laranja..."

Certa vez, num grupo de terapia, uma das participantes faltou. Na semana seguinte, ela levou um sonho que tivera na semana anterior, no dia da terapia. Ao relatar, deixou o grupo boquiaberto: o sonho relatava a sessão da semana anterior, em que aquela pessoa não estava presente. Coincidência ou sincronicidade?

Em 1989, na madrugada da queda de Stroessner no Paraguai, antes que chegassem as notícias, eu tive um sonho em que apareceram as imagens que foram ao ar à noite, mostrando o sucessor desfilando em carro aberto. Coincidência ou sincronicidade?

Jung fala de sincronicidade, relatando um caso em que uma de suas pacientes, num momento crítico de sua análise, relatou um sonho em que recebia um escaravelho de ouro de presente. No momento do relato, Jung ouviu um ruido, como se alguma coisa batesse de leve na janela. Olhou e viu em besouro raro naquela região, tentando entrar. Jung relata que era a representação mais próxima do escaravelho de ouro, que é um símbolo clássico de renascimento.(1)

Jung define sincronicidade como a "simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa."(1)

O dicionário Junguiano define Sincronicidade como " a doutrina que na psicologia analítica junguiana admite uma correlação entre estados interiores e eventos exteriores e, portanto, um paralelismo temporal, espacial e de significado entre condição psíquica e evento físico."(2)

No caso do meu sonho, eu estava naquele momento resgatando conteúdos que haviam sido reprimidos. Simbolicamente eu estava depondo os "ditadores internos da minha psique".

No caso do sonho de minha cliente, ela foi a verdadeira protagonista da sessão em que esteve ausente, como pode ser constatado revivendo, no psicodrama, o seu sonho.

No caso de minha amiga, ela está vivendo a fase da maturidade e sabedoria da mulher.

No caso do artigo do Blog, publiquei imediatamente a postagem.

E você? tem casos de sincronicidade para relatar? Compartilhe conosco, registrando nos comentários!

(1) Jung , C.G.- Sincronicidade - Editora Vozes
(2) Pieri, Paolo Francesco - Dicionário Junguiano - ed. Vozes e Paulus -

Comentários

  1. A questão da sincronicidade é muito interessante. Sonhei com as mortes da
    minha avó e da minha mãe. Sempre na véspera: um asilo cheio de velhinhos
    sentados numa varanda, ao final da varanda um campo cheio de árvores
    frondosas e algumas coisas no chão, que depois identifiquei como lápides. O
    outro sonho era em lugar ambientado na idade média, existia um comandante
    que decidia quem ficava e quem ia. Ele fazia uma cruz no peito, com tinta,
    de quem ia. Esse último foi quando minha mãe faleceu de uma hora para outra,
    no dia seguinte.

    Um beijo, Tania

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  2. Olá,
    Muito legal este artigo.
    Há uns dois anos, falava de sincronicidade com um amigo em casa e ele me contou sobre Jung e o escaravelho. No dia seguinte, fui a biblioteca mais próxima por outro motivo e me dirigi a uma estante qualquer, sem saber o assunto dos livros. Peguei o primeiro que me chamou a atenção. O nome não sugeria, mas, quando abri, dei de cara exatamente com o mesmo relato de Jung. Fiquei arrepiada. Poucos acreditariam em mim, mas acho que você acredita, né? Eu estava apaixonada pelo cara que me contou a história, talvez essa ligação facilitasse a sincronicidade... ou vice-versa.
    Abraços,
    Esther

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