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Mostrando postagens de 2007

Ritos e Mitos – Dando espaço para o NOVO

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A proxima-se o final de mais um ano. É a passagem de um novo tempo. É a época em que as pessoas ao redor do mundo se preparam com seus ritos e seus mitos. Ritos de usar determinados tipos de roupa e participar de festas e cultos. Todos buscam, de alguma forma, exteriorizar o mito de que o ano novo trará realizações a partir do que estiverem fazendo ou do lugar onde estiverem, ou da roupa que vestirem. Desde o tempo em que eu trabalhava em um Banco, tenho um ritual de final de ano. Na época, contaminados pelo clima de “Balanço Geral” da contabilidade, limpávamos as gavetas, resolvendo pendências, jogando fora os papéis de que não precisávamos, e encerrávamos o ano com uma copiosa e tradicional chuva de papéis picados, atirados através das janelas dos altos andares dos edifícios no Setor Bancário. Até hoje gosto desse ritual: limpar as gavetas, jogar fora papéis, doar roupas, calçados e objetos que não uso mais. Com isso, com a casa mais “clean”, abro espaço para coisas novas. Esse é um

VOLTE PARA CASA – Mensagem de Natal

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The return of the prodigal sonc. 1662 (210 Kb); Oil on canvas, 262 x 206 cm; The Hermitage, St. Petersburg Aldo Fagundes Tenho um amigo, homem ilustre, que quando é atingido por algum problema grave, volta para a casa paterna, para ali chorar sua tristeza। A casa onde ele mora é ampla e confortável. A casa paterna é simples, humildemente perdida em uma vila de periferia. Mas é a casa paterna. Lembro-me que eu e meus irmãos muitas vezes nos socorremos do Velho Euclides e da Dona Mocita, vendo neles os sábios, com palavras sempre prontas e soluções para todos os problemas। Sim, dentro de nós é muito forte a voz que ressoa: volte para casa! Os psicólogos entendem e ensinam sobre esse sentimento de aconchego e segurança da casa paterna। Por isso já vi pessoas maduras, talvez 50 ou 60 anos de vida, desesperarem-se com a morte do pai ou da mãe porque, simbolicamente, para eles isto representou a perda da casa paterna। Ficaram órfãos. Não tem mais para onde voltar. A fé cristã tem na casa

MENSAGEM DE NATAL

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Alguns amigos, leitores assíduos do Blog, estranharam meu silêncio. O que estaria acontecendo? Mais do que ninguém, essa era a perguntava que eu me fazia. No último mês estive e ainda estou mais introspectiva, mais reflexiva, um pouco triste, enlutada. Tudo o que eu escrevia achava muito pesado para publicar. Não queria transmitir tristeza para os leitores. Mas não consigo escrever aquilo que não sinto. A última tentativa foi o texto que publico em parte, a seguir. Em parte, porque é um texto inacabado. O final que eu havia escrito não tinha nada a ver com o início do texto. Fiz duas tentativas. A realidade é que eu não sabia como terminar o texto, já que eu mesma não tinha essa resposta। Eu mesma não conseguia elaborar o que ।Ontem pela manhã, recebi o texto "VOLTE PARA CASA", escrito por Aldo Fagundes, homem sábio e temente a Deus। Coincidência, sincronicidade ou ação de Deus... Podem chamar como quiserem, mas o fato é que o texto trouxe-me a resposta para a angústia que e

A coragem de amar em tempos do Cólera

Brasília acolheu, na noite desta sexta-feira, a abertura do IX Festival Internacional de Cinema de Brasília, no Cine Academia de Tênis. O filme exibido foi a versão para o cinema do romance de Gabriel García Márquez, "O Amor nos Tempos do Cólera" , do diretor britânico Michael Newell. No sábado, voltei lá para assistir "A Coragem de Amar" , do diretor francês Claude Lelouch. Saí de ambos os filmes com uma sensação de estranheza. Interessei-me pelo primeiro principalmente porque, confesso, não havia lido o romance de Gabriel Garcia Marques. A sensação de estranheza do primeiro veio por atores latinos falando em inglês. O fato também foi comentado por outras pessoas. Parecia algo irreal, mecânico, artificial. Os personagens pareciam não viver intensamente as falas. O outro filme me atraiu pelo autor, e pelo nome. Gosto de filmes que falem de amor! Saí meio decepcionada. Achei "A coragem de amar" um filme monótono. Um melodrama, onde duas irmãs gêmeas, preoc

AMOR REAL

Gostar da própria companhia é o primeiro passo para construir relações saudáveis "Há uma frase de que gosto muito diz: "o casamento dá certo para quem não precisa de casamento". Normalmente, a compulsão de casar e de viver junto nascem de uma dependência. As pessoas esperam um complemento. Essa não é a função de um relacionamento, o outro não vai preencher uma lacuna, mas sim, ajudar a desenvolver o que elas não têm. Infelizmente, a maior parte das pessoas odeia sua própria companhia e vê no outro uma forma de 'salvação'." Leia artigo completo de Roberto Shinyashiki

Fandango no Céu

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Hoje tem fandango no céu! Prepara o chimarão e vem dançar, o gaiteiro chegou. Anjinhos, deixem suas harpas, Venham ouvir a “Vaneirinha do vovô”. Respeitem os “oito baixo” do Edgar! Homenagem a Edgar Fagundes, avô de meus filhos! Ouça a gaita de Edgar Fagundes Leia artigo de Antonio Augusto Fagundes, publicado no Zero Hora

MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS –Uma análise junguiana do filme

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MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS (Coeurs, França/ Itália, 2006), filme dirigido por Alain Resnais, parece, à primeira vista, um filme despretencioso sobre o tema da solidão. Mas se atentarmos para os detalhes e as cenas sutilmente sugestivas, vamos descobrir um argumento que trata de um dos mais importantes aspectos de nossa personalidade. Os personagens apresentados têm suas histórias entrecruzadas. São eles: - Nicole (Laura Morante) – está noiva de Dan (Lambert Wilson) e procura um apartamento para alugar; - Thierry (André Dussollier) – corretor de imóveis, irmão de Gaëlle, tenta alugar um apartamento para Nicole e seu noivo, Dan; Thierry trabalha com Charlotte (Sabine Azéma); - Dan – desempregado, justifica-se de muitas maneiras, mas ao invés de procurar emprego, está sempre no bar onde Lionel (Pierre Arditi) trabalha; - Lionel – mora e cuida do pai acamado e rabugento; - Charlote – mostra-se uma pessoa recatada e religiosa, tentando esconder sua forte sensualidade; além de trabal

A IGREJA QUE ABRAÇA O INFINITO

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No vértice dos 90 graus de seus braços, a Cruz se ergue imponente para o Céu, abraçando a pequena congregação e apontando para o infinito de suas possibilidades. Em perfeita harmonia, as linhas retas e curvas traduzem beleza, flexibilidade e firmeza. Imponente, não por gemas incrustadas em ouro, mas pela simplicidade de suas formas e detalhes de seu acabamento. O piso branco e fresco de cerâmica nos convida a, descalços, apresentar-nos diante do Criador. O combogó (que lembra a infância inocente de seu projetista), vermelho, na cor do fogo, aquece os corações, e permite passar o vento que acaricia o corpo e refresca também a alma. No andar de cima, a vista que alcança o horizonte, próximo ao lago Paranoá, oferece e nos remete à beleza da Criação. A madeira em suas cores naturais forma o altar para oferecimento, não do sacrifício, mas do Amor de quem abriu a porta da sua casa, de quem abriu mão de um sonho, de quem acreditou, de quem insistiu, de quem reuniu. Amor de todos os que coloca

QUEM NÃO SE COMUNICA....

E nosso fórum??? Para o analista, não só o que se diz tem um significado. O silêncio às vezes fala mais alto. O silêncio denuncia o assunto que é difícil de falar. E quais foram os temas que caíram no vazio? Que ficaram sem respostas? "O que vocês acham da colocação da Nélia? É comum acontecer esse afastamento, essa dificuldade de manifestar o afeto por palavras e por carinhos físicos? Por que será que isso acontece? Como fazer para reverter essa situação? É necessário dizer mesmo ‘eu te amo’? Só demonstrar o amor já não basta? Alguém tem alguma experiência nesse sentido para compartilhar?" (postado em 05/11/2007) "Alguns assuntos passam a ser ‘proibidos’ de se falar. Quando o casal percebe, já existe uma grande distância entre os dois. Fica difícil conversar porque ‘nem tudo pode ser conversado’. O que vocês acham? Concordam com esse meu comentário?" (postado em 01/11/2007) "O que vocês acham da proposta da Amparo? Concordam com a Tania, que talvez possa ser u

O CÉU DE MUITAS CORES – Reflexões sobre o filme “Vermelho como o Céu”

Sábado assisti “Vermelho como o céu”, do cineasta italiano Cristiano Bortone. O filme é de tal beleza, que nos emociona e nos dá a oportunidade de colocar o choro em dia. Para mim o cinema é um espaço terapêutico. Por isso sempre recomendo filmes específicos para ajudar na elaboração de alguns conteúdos que estão sendo trabalhados em terapia. É como se fosse um remédio, já que, não sendo médica, não os prescrevo. Dessa forma, por exemplo, para “as mulheres que amam demais”, eu receitaria “O Passado”. Não julguem, os mais acadêmicos, que seria uma terapia de pouco embasamento. No psicodrama, uma das técnicas mais eficazes é o “espelho”. Na dramatização das cenas, olhar-se “de fora”, com o “eu observador”, e isso tem um efeito catalisador: é um momento de importantes insights e percepções sobre si mesmo. A película conta a história de Mirco Mencacci, que, desde criança, adorava cinema. Mas aos dez anos um acidente tira sua visão e, para dar continuidade à sua educação, seus pais foram ob

Fórum – Novo Comentário. Vamos participar!

Após o feriado prolongado, vamos continuar nosso fórum, que já não é só sobre “pré-casamento”. Ele já se ampliou, abrangendo formas alternativas de relacionamento. Nelia, a leitora que inicialmente sugeriu o fórum, disse... “Outro dia ouvi, em um programa de TV, de um casal com problemas com filhos, que eles não sabiam elogiar os filhos e nem mesmo um ao outro. A princípio fiquei ‘chocada’, mas depois refleti sobre a situação e cheguei à conclusão de que um dos contratos mais difíceis de serem perenes em um casamento é o emocional. Com o decorrer do tempo, com a rotina do dia-a-dia, nos afastamos de afagos básicos e, se não cuidarmos, com o tempo passamos a crer que não é necessário verbalizar o amor que sentimos com os filhos e com o companheiro... Com os filhos, ainda crianças, são abundantes os carinhos físicos e verbais, já na adolescência, por vezes os filhos rejeitam e, se não ficamos atentos, passa a fase "rebelde" e o afastamento é quase inevitável. Acho importante pr

O PASSADO MAIS QUE PRESENTE

O filme “O Passado” estreou na semana passada e já tem sido motivo de várias análises de críticos de cinema e, tratando-se de um conflito típico das relações afetivas contemporâneas, também tem sido objeto de análise de estudiosos do comportamento humano. Segundo a Folha Ilustrada , “O Passado, novo filme do cineasta Hector Babenco, baseia-se no romance homônimo do escritor argentino Alan Pauls (Cosac Naify) e também numa certeza do diretor: ‘Quem manda na relação é a mulher. Por mais que o homem seja agressivo nos negócios, por mais que ele seja autodeterminado nas atitudes empresariais e comportamentais, o vetor da relação é a mulher’.” E a crítica da Folha continua: “No caso de ‘O Passado’, a mulher continua mandando, mesmo após o fim da relação. Sofía (Analía Couceyro) não desiste de ter um papel na vida de Rímini (Gael García Bernal), com quem viveu um romance de 12 anos, ainda que ele se case pela segunda ou terceira vez”. Assisti ao filme na semana passada. É desses filmes que

MEUS NOVOS JOVENS AMIGOS

Eu andava meio “carente de amigos”. Estava difícil conseguir me encontrar com eles, com tempo para conversar, bater um papo sem tempo para acabar. Todos sempre muito ocupados, trabalhando muito. O pouco tempo disponível da turma da minha idade é dedicado para encontrar os filhos, na maioria recém-casados. Quando acontece de nos encontrarmos, o assunto acaba me deixando “pra baixo”... gira em torno da inconformidade com a política, os calores da menopausa, os casamentos desfeitos, os amores não correspondidos, as cirurgias plásticas (e outras novidades estéticas), as grifes e os “carrões”. Isso quando não falam de doenças, exames médicos e tratamentos. O trabalho com o cuidado exigido com os pais idosos, a preocupação com a carreira profissional e a despesa da festa de casamento dos filhos, a vontade de ter netos, o orçamento apertado... Mas agora está sendo diferente. Resolvi investir na amizade com pessoas mais jovens. Tem um grupo com quem almoço no restaurante natural. É um grupo mu

E o nosso fórum continua....

Nosso "Fórum Pré-casamento" continua e o tema já está sendo ampliado para discutir outras formas de "casamento". Cláudia Ziller Faria disse... "Meu pai, como o da Neca, me deu um conselho sábio na hora de sairmos para a Igreja. 'Nunca discuta enquanto estiver com raiva. Espere a raiva passar para conversar, porque muitas vezes dizemos coisas na hora da raiva. Coisas que ferem demais, não deveriam ser ditas. As palavras ditas não são retiradas. Permanecem para sempre. Pode haver perdão, mas a lembrança continua.' Conselho que sigo até hoje e tem dado muito certo." 31 de outubro de 2007 18h22 Parabéns ao pai da Cláudia, pela preocupação em aconselhar a filha! Sábio conselho! Mas, atenção ao detalhe: "Espere a raiva passar para conversar", é diferente de deixar de falar aquilo que precisa ser dito (mesmo que seja em um outro momento). A base da comunicação profunda e verdadeira implica falar o que pensamos e sentimos. Se há discordância e de

O "Fórum Pré-casamento" está esquentando....

Parece que a idéia do "Fórum pré-casamento" agradou. Já temos três comentários bem interessantes. Participe também! Anônimo disse... "Idéia interessante!!! Bom, acho que o contrato deveria começar a estabelecer como deve funcionar as finanças do casal. Quem paga o quê e por quê. Outra coisa importante: Educação dos filhos! Regras básicas que devem ser acordadas. Um ponto fundamental: Quem reclama com a empregada! (se tiver a sorte de ter uma)". 30 de outubro de 2007 10h03 Participe opinando sobre esse primeiro comentário. Em sua opinião, é importante definir divisão de responsabilidade financeira? E o gerenciamento da prestação de serviços de terceiros? De quem seria a responsabilidade? Neca disse... "No dia do meu casamento, meu pai me chamou, com a Bíblia nas mãos e leu para mim a parábola da pérola de grande preço. É aquela onde Jesus diz que o Reino dos Céus é semelhante a um comerciante de pedras preciosas que encontra uma pérola de grande preço e vende tu

Fórum sobre "pré-casamento"

No artigo "Antes prevenir do que remediar", a leitora Nélia registrou o seguinte comentário: "Nelia disse... Muito bom, e no decorrer da leitura pensei, pq vc não cria fórum pré-casamento (seja ele formal ou não)?? Pois aqueles conduzidos pelas instituições religiosas acabam contaminados pelas crenças e, neste espaço, isento, seriam debatidos os vários contratos que permeiam um casamento: emocional, físico, financeiro, social, etc... Acho que seria extremamente útil a todos. Não discorrerei aqui as várias motivações que fazem pensar assim... mas deixo aqui a proposta." Gostei da idéia! Obrigada, Nélia, pela sugestão! ESTÁ CRIADO O FÓRUM! Todos podem participar, escrevendo seus comentários nesta postagem. Basta clicar abaixo em "COMENTÁRIOS" e registrar. Se preferir, não é necessário se identificar. Basta marcar como "Anônimo". A partir de suas experiências, felizes ou não, participem com sugestões!Quais são os ítens que deveriam constar

"QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA..."

Rejeitados! Era assim que ambos sentiam-se após seu último contato. Ainda se gostavam. Mas separaram-se após calorosa discussão. Para um, não houvera motivo para aquele brusco rompimento. Para outro, fora a gota d'água, que rompeu o dique de uma longa espera. O marco final da expectativa (sempre verbalizada), de que o relacionamento se transformasse numa convivência de troca. Não só prazeres físicos, não só saídas e "ficadas", mas um compromisso mútuo de cúmplice convivência. A certeza de que, independente de qualquer situação, o outro estaria sempre lá. Independente de dias bons, mas, principalmente, estar juntos nos dias não tão bons. Tal qual o rito da união consagrada, "na felicidade ou na desventura, na riqueza ou na pobreza, enfermo e com saúde". Para um, restava a impressão de que havia doado muito mais do que recebera. Para outro, a impressão era a de que doara mais do que conseguira, mas recebera menos do que gostaria. Para um, fora um casamento incompl

“ANTES PREVENIR DO QUE REMEDIAR”

Recordo-me do tempo em que eu ainda assistia às novelas, particularmente de uma delas, intitulada "O Clone". Não me lembro bem do enredo, mas houve uma cena que me chamou a atenção. Uma personagem, interpretada pela Letícia Sabatela, casada nos costumes árabes, no meio de uma discussão lembrou ao marido: “Você precisa contratar uma empregada. No contrato de casamento estava escrito que teria uma empregada...”. Achei fantástico! Como nós, mulheres ocidentais, estudadas, "evoluídas", conquistamos tantos espaços, mas nunca pensamos nisso? Estabelecemos nossos relacionamentos na base "do que achamos que o outro acha", no que já é convencional, e que "sempre é assim". Dessa forma, criam-se expectativas unilaterais não correspondidas. Envolvidos e embriagados pela paixão romântica, casais estabelecem laços irreais, utópicos, esquecendo-se de que no dia-a-dia existem tarefas para serem compartilhadas, ritmos de trabalho diferentes, dias em que “um está

E O FLAMBOYANT FLORESCEU...

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“A arvore que você plantou floriu pela primeira vez.” Recebi o recado de um velho amigo, ex-vizinho. Eu nem me lembrava mais de que um dia plantara uma árvore por lá... Recordando, lembrei-me de algumas, a maioria era frutífera. Plantei duas jabuticabeiras, algumas mangueiras, laranjeiras, limoeiros. Vendi uma parte da chácara e a outra, sem nenhuma construção, deixei por lá... Alguns dias antes, o mesmo vizinho me ligara, avisando que aquele pedaço de terra recebera uma visita: o fogo. O tempo estava seco, ele veio sorrateiro. Os vizinhos nada puderam fazer, a não ser salvar o seu próprio quinhão. Era uma terra abandonada. Quando menos se esperava, uma árvore, um Flamboyant, plantado há tantos anos, que nunca florira, amanheceu um dia todo em flor. Diante da terra queimada pelo fogo, após a primeira chuva da primavera (tal a fênix que renasce das cinzas), o Flamboyant floresceu. Cheio de flores, alegrou o vizinho, alegrou a todos os que por ali passavam. Fui lá conferir. No caminho, l

"Sê espontâneo!"

"Deus é espontaneidade. Daí o mandamento: 'Sê espontâneo'." Esta frase consta de uma das obras de J. L. Moreno, criador do Psicodrama, "The words of de Father" (As Palavras do Pai). Este livro foi escrito, tal o postulado, título deste artigo, espontaneamente. Num momento de inspiração, Moreno escreveu nas paredes [talvez por falta de algum papel?], uma de suas principais obras. O tema Espontaneidade, classificado por Moreno como um fator de personalidade – assim como a inteligência e a memória –, permeia e principia a sua principal contribuição para o campo das psicoterapias: o Psicodrama. O Psicodrama nasceu espontaneamente. Ainda enquanto estudava medicina em Viena, lá pelo início do século passado, Moreno fazia alguns trabalhos com os meninos que perambulavam pelas ruas, contando-lhes estórias que eram dramatizadas [sem saber disso eu percorri na minha adolescência um caminho parecido]. Foram os primeiros teatros espontâneos, que mais tarde ganharam uma

Os sonhos nossos de cada noite....

"Era gostoso nadar naquela piscina. Eu ia até um pouco mais fundo, voltava e me segurava em uma barra que havia na sua beirada. Não era uma piscina comum. Era uma piscina em um navio, em alto mar. A água da piscina era proveniente da vasta água do mar." Essa cena aconteceu em um de meus sonhos. A piscina simbolizava o meu inconsciente pessoal, interligado ao mar, que simbolizaria o inconsciente coletivo. O sonho me falava, entre outros conteúdos, da minha satisfação em "nadar" pelos meus conteúdos mais profundos. É um sonho que retrata o próprio processo dos sonhos. O sonho é um acesso ao nosso inconsciente enquanto dormimos. Pesquisas já comprovaram o seu efeito terapêutico. Normalmente o sonho acontece na fase REM do sono. Pesquisadores observaram que, acordadas durante essa fase do sono e, consequentemente, impedidas de continuarem sonhando, pessoas submetidas a essa experiência apresentavam-se irritadas durante o estado de vigília. Mesmo que não nos lembremos,

"NADA EM EXCESSO" *

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Um homem caminhava por uma estrada, quando percebeu um outro homem caido. Como no tempo dessa história ele não tinha recebido nenhum e-mail dizendo do perigo de se tentar ajudar alguém caido na rua, ele parou e socorreu o homem ferido. Ficou sabendo que ele tinha sido assaltado. Felizmente, como naquele tempo também não existia armas de fogo, ele ainda estava vivo. Como naquele tempo não existia mertiolate, nem gazes esterilizadas, ele simplesmente passou óleo em suas feridas (aliás, hoje já voltaram a usar óleo nas feridas novamente). Como naquele tempo também não existia carro, muito menos ambulância do corpo de bombeiros, o homem "bom" deu uma carona para o homem ferido em seu animal. Naquele tempo não se sabia do perigo que é socorrer um ferido dessa forma. Seguiram viagem. Chegaram já ao anoitecer na próxima cidade, onde passaram a noite em uma pousada. Como não tinha nenhum hospital por perto mantido por impostos para atender a todas as pessoas, o homem "bom"

Cada um carregue (somente) a sua “mochila”...

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Apesar de considerá-lo um programa interessante, nunca fiz nem pretendo fazer o "Caminho de Santiago de Compostela”. Não tenho vontade de fazer a Jornada, simplesmente porque não me vejo andando tanto tempo com uma mochila nas costas. Mas, teoricamente, considero um programa interessante para quem deseja refletir sobre sua vida. Além dos aspectos da fé daqueles que o buscam, o "Caminho", ao tempo que proporciona a oportunidade de reflexão, obriga o peregrino a exercitar o seu corpo, evitando o risco de deprimir-se com o processo. Hoje convido você para fazer uma experiência: Imagine que milhares de pessoas estão caminhando na mesma direção. Cada qual com sua mochila nas costas, contendo seus objetos pessoais. Imagine-se sendo um deles. Você vai caminhando e, olhando para o lado, percebe que a mochila de seu companheiro está muito pesada. O que você faria: (a) Diria para ele lhe passar sua mochila, para você carregar as duas (b) Ofereceria para carregar algumas coisas da

“TUDO AQUILO SOU EU MESMO” - Edith Piaf - Um Hino ao Amor

“Non, Je Ne Regrette Rien Non, rien de rien Non, je ne regrette rien Ni le bien qu'on m'a fait Ni le mal, tout ça m'est égal” [Não, Eu Não Lamento Nada Não, nada de nada Não, eu não lamento nada Nem o bem que me fez Nem a dor, tudo aquilo Sou eu mesmo](1) Com a canção Non, Je Ne Regrette Rien , Edith Piaf coroa sua carreira e sua vida. O filme PIAF – Um hino ao Amor, em pré-estréia esta semana, retrata o sofrimento e a glória da cantora francesa que teve sua vida marcada desde o início por atribulações. Edith era filha de artistas de rua, sua mãe, cantora frustrada, abandonou-a com a avó materna para tentar carreira artística. Na época seu pai, contorcionista, havia sido convocado para a guerra. Na volta, vendo o estado lastimável da filha, leva-a à Normandia deixando-a aos cuidados da avó paterna, dona de um bordel. Edith foi adotada pelas pensionistas, que lhe deram o negado amor materno. Durante alguns anos de sua infância esteve cega, devido a uma ceratite. Sua cura é a

A TRANSCENDÊNCIA DO FEMININO

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Hoje faz 26 anos que me tornei mãe de uma Mulher! Já tinha um filho. Através e com ele, pude viver a maternidade inicial, com as inseguranças de mãe de primeira viagem. Com seu desenvolvimento, tornando-se um Homem, desenvolvi em mim atributos antes desconhecidos e desejados. O filho homem espelha o animus introvertido. Como uma extensão do meu masculino, fertilizo a Terra através de suas ousadas e viris realizações. Ser mãe de uma Mulher é igualmente divino, contudo diferente. O feminino em mim se multiplica e transcende. Espelha aquilo de mim que já sei, mas não via. E ao ver desabrochar tão linda flor, integro aquilo que de mim é tão belo, a extensão do meu amor! Minha homenagem à Ednea

DECRETO ACABA COM INDECISÃO DE NAMORAR

De hoje em diante no DF ninguém pode "estar ficando" com outro. Por decreto, o Governador do Distrito Federal demitiu o gerúndio do DF e, por tabela, pôs fim na indecisão dos homens e mulheres, jovens e maduros, que ao invés de assumirem um namoro, prolongam a não tão nova modalidade de relacionamento que é o "ficar". A princípio, "ficar" significava que numa festa, por exemplo, o casal, principalmente de adolescentes, se encontrava, trocava uns beijos e uns amassos e só. Os " ficantes " tinham o direito de "ficar" com outros na mesma festa, embora as meninas que "ficavam" com outro " ficante " já ficavam vistas como meninas "ficáveis" por todos. Os meninos ficavam vistos como os poderosos, admirados pelos amigos, que conseguiam "ficar" com mais meninas. Começaram a ter as competições de quem ficava com mais meninas por noite. As meninas não fizeram por menos, viraram o jogo e foram à luta. Pas